ABRIL NO FEMININO 4ª EDIÇÃO 2025 | VENHA MAIS UMA EDIÇÃO, A 5ª, EM 2027!
Notícia publicada a 10-05-2025, 00h00Resumir um mês de intensa actividade, com um programa que convocou a música, o teatro, o cinema, as artes plásticas, a fotografia, promovendo exposições, realizando espectáculos e concertos, apresentando livros, organizando conversas, não é tarefa fácil. Dezassete propostas culturais ocuparam a cidade ao longo de Abril: da rua à escola, passando ainda por diferentes e emblemáticos equipamentos da cidade: Convento São Francisco, Edifício Chiado, Biblioteca Geral da Universidade, Seminário Maior e Teatro Académico de Gil Vicente.
Vivemos momentos marcantes, cada um à sua maneira. O cante do trabalho, mas também da fome e da pobreza, pelo Grupo Coral As Ceifeiras de Pias. As impressivas fotografias da fotojornalista Ana Baião que habitaram a Baixa de Coimbra, numa justa homenagem ao Cante Alentejano e às mulheres. A participada sessão escolar orientada por Raquel Costa, com jovens do 9º ano do ensino básico, dando-nos uma razão para acreditar no futuro. A notável performance da actriz Teresa Faria no espectáculo de teatro “Kiki Van Beethoven”. As conversas que contagiaram o público, com a prestação entusiasmada, viva e eloquente dos(as) convidados(as), partilhando com o público o seu saber, experiência e conhecimento. As canções que nos encheram a alma e revisitaram memórias, no magnífico concerto de Helena Sarmento. O poder das palavras, ditas pelo jornalista e autor Miguel Carvalho, mas também a força das imagens e das histórias narradas nos filmes escolhidos para o ciclo de cinema. A arte contemporânea, nas suas múltiplas expressões, que nos interpela e reclama o nosso olhar, na surpreendente e apelativa exposição “O Vaguear do Olhar”, com curadoria de Ana Antunes, ocupando dois pisos do Edifício Chiado.
Neste mês de Abril fomos livres para pensar, intervir, ousar, recordar. Convidámos diferentes gerações e diferenciados públicos a reflectir sobre a condição da mulher (ontem e hoje) e a sua importante contribuição para a afirmação das artes, das letras e do pensamento, relevando o seu decisivo papel na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Memória, Luta e Resistência continuam a ser armas essenciais para os dias inquietantes de hoje, com retrocessos e ameaças que causam o nosso espanto e sobressalto.
ABRIL NO FEMININO quis ser um lugar de liberdade, “uma oportunidade para sermos melhores”, na expectativa de ter podido contrariar (em parte) as palavras de Isabel Barreno quando, cinquenta anos passados sobre a publicação de “Novas Cartas Portuguesas”, reafirmou o que escrevera sobre as mulheres em 1971: “(…) continuamos sós, mas menos desamparadas”.
Palavras finais fazendo uso da canção que fechou a sessão de música, inteiramente preenchida com vozes femininas, conduzida elegantemente por João Gobern:
Liberdade
Querida Liberdade
O nosso chão são sonhos e vontade
(A Garota Não)
Até 2027, para a 5ª edição de ABRIL NO FEMININO!
Margarida Mendes Silva